"Research constantly shows that teams underperform, despite all the extra resources they have. For a team to be successful it needs to be real" - Richard Hackman.
Grupo vs. equipa
Não é novidade o debate sobre as diferenças entre grupos de trabalho e equipas. Num grupo de trabalho pode haver colaboração e até algum "coaching" entre os seus membros, mas não há responsabilidade mútua, isto é, cada um é responsável apenas pela sua performance e a performance do grupo é igual à soma da performance dos indivíduos. Numa equipa, há colaboração, "coaching", delegação de funções e a responsabilidade é partilhada entre os diferentes membros da equipa, a performance global deveria ser superior à soma das performances individuais.
Para perceber se na sua farmácia trabalha um grupo de indivíduos ou uma equipa, deve colocar as seguintes questões:
Em todas as áreas de atuação existe mais do que um líder. Por exemplo: tenho ou não implementada gestão de categorias ou outro tipo de segmentação?
Tenho ou não incentivos que não dependem só do meu trabalho?
Tenho ou não tarefas que exigem esforço coletivo/ colaboração?
Tenho ou não espaço para debate nas reuniões?
Se respondeu sim a estas questões, poderá estar de facto a trabalhar em equipa e poderá estar interessado em saber como melhorar a sua performance. Se respondeu não às questões, poderá estar a trabalhar num grupo e querer saber se deve ou não (e como) tentar formar uma equipa. Em qualquer um dos casos, poderá encontrar algumas respostas ao longo deste artigo.
Porquê uma equipa?
Num negócio em que os recursos humanos são escassos e a diversidade de produtos ou de serviços é elevada, a complexidade das funções é desafiante. Nestes casos, um só líder para um grupo de pessoas (por vezes mais de 10 pessoas) atuando e tomando decisões transversalmente em todas as áreas de negócio é muito possivelmente curto.
Quando numa orquestra, alguém tem de tocar muitos instrumentos dificilmente terá tempo para ser um bom maestro.
Isto leva-nos diretamente à segmentação e delegação de funções com responsabilidade mútua que se encontra numa equipa. Numa farmácia, a gestão de categorias de produtos, de serviços ou até mesmo de clientes, pode ser fundamental. Cada gestor tem mais do que tarefas especificas atribuídas dentro da sua categoria, tem responsabilidade pela performance dos outros membros da equipa na sua área de atuação.
4 Fatores Essenciais para Construir uma Equipa 1.0
1. Colaboração
Sem colaboração não há equipa. Estudos indicam que equipas maduras têm maior probabilidade de colaborar, isto porque os membros se conhecem melhor, criaram empatia e se aceitaram mutuamente.
Muitas vezes, em equipas com elevado "turnover" de recursos humanos, a colaboração é mais difícil de conseguir, mas existem algumas estratégias que podem seguramente acelerar e potenciar a colaboração.
O Envolvimento e Compromisso dos membros da equipa com a equipa num todo são atitudes que se devem "treinar". Sessões de "team-building", promoção de oportunidades para conversas abertas e reconhecimento, são muitas vezes consideradas ações secundárias e com interesse trivial, mas de facto, a sua importância para a coesão de uma equipa e gestão criativa de conflitos está amplamente demonstrada.
Yuval Noah Harari atribui à Comunicação, no seu livro "Sapiens", a responsabilidade da primeira grande revolução da história da humanidade, a Revolução Cognitiva. De facto, através da comunicação conseguimos partilhar informação sobre o Mundo e cooperar. Comunicando conseguimos inspirar, motivar, influenciar e finalmente alinhar equipas.
"Os sapiens são capazes de cooperar de formas extremamente flexíveis com uma quantidade ilimitada de estanhos. É por isso que dominam o Mundo, enquanto as formigas comem os seus restos e os chimpanzés estão trancados em jardins zoológicos e nos laboratórios de investigação." Yuval Noah Harari
Reuniões periódicas são essenciais para o desenvolvimento do espírito colaborativo de uma equipa. A periodicidade das reuniões depende, entre outras coisas, da complexidade das tarefas, da maturidade da equipa, do progresso no alcance dos objetivos.
É importante desmistificar as questões de eficiência, uma reunião de equipa muitas vezes não é uma reunião eficiente, numa reunião de equipa deve haver espaço para discussão, para desenvolvimento de ideias, para inovação.
2. Coaching
O coaching é essencial não só para o desenvolvimento dos colaboradores, como para criação de empatia, aumento da satisfação profissional e diminuição de "turnover" das equipas.
Uma boa estratégia de coaching passa por um plano bem definido de desenvolvimento (com objetivos estruturados) onde devem constar: uma reunião de "kick-off" (onde se define, em conjunto com o colaborador, o plano de aprendizagem, os objetivos e KPIs, as datas de execução), várias reuniões de balanço (onde se oferece "feedback", se reconhece o trabalho alcançado e se define, caso exista, pontos de melhoria) e finalmente uma reunião de "review" (onde se faz uma retrospetiva do trabalho realizado e das metas alcançadas).
Em qualquer um dos passos anteriores é muito importante que se valorize o progresso, que se reconheça e incentive as pequenas vitórias. O progresso é fundamental para a motivação de uma equipa, um bom líder tem de reconhecer esta evidência e alimentar o progresso em funções com propósito.
3. Propósito
O propósito é o farol dos bons colaboradores. Definir um propósito inspirador e com o qual as equipas se possam identificar é uma tarefa muito mais difícil do que pode parecer à primeira vista.
"To inspire your staff to do good work for you, find a way to express the organization’s impact on the lives of customers, clients, students, patients — whomever you’re trying to serve. Make them feel it." Graham Kenny
Algo comum nos propósitos das farmácias que contacto, é o facto de estarem de alguma forma ligados à comunidade, ao utente. Quando assim é, é importante desenhar um propósito dedicado aos utentes mais exigentes, desta forma a farmácia redefine expectativas e exigências e aumenta os padrões no mercado criando equipas de elite e felizes.
