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As duas faces do empreendedorismo

January 30, 2025
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Como em tudo, empreender tem pros e contras.

Mas mais do que bom e mau, os desafios devem ser vistos como cara ou coroa.

Frustração vs. resiliência

Qualquer mercado, nos dias de hoje apresenta alguma volatilidade – o que se reflete, ainda mais, numa empresa sem carteira de clientes cimentada e estável. A procura por esses clientes é uma necessidade e a antecipação da vitória ocorre com muita frequência:

“De certeza que ganhamos este. Temos um projeto incrível, vai ser difícil fazer melhor”
Só que alguém faz. O que acontece inevitavelmente? Frustração.

A frustração é acompanhada de energia considerada negativa, mas que se bem aplicada pode ser muito útil. Lidar com esta emoção obriga a desenvolver a capacidade de racionalizar o processo, assimilar feedback e encontrar paz de espírito para tentar de novo. Ultrapassar a frustração traz resiliência. E numa empresa jovem, este processo tem de existir e tem de ser rápido.


Síndrome do impostor vs. otimismo realista

O oposto também acontece, quando tudo parece estar a correr bem, é muito frequente o empreendedor questionar-se se estará numa maré de sorte, se o castelo é de cartas e se vai desmoronar a qualquer momento. Dúvidas como: “Será que sei o que estou a fazer? Não sou assim tão bom, por que é que estas pessoas confiam tanto em mim? E se os desiludo?”

É necessária uma boa dose de confiança para seguir em frente e evitar sentir-se assoberbado. Consegue-se o equilíbrio aceitando que não somos os melhores em tudo e que os nossos clientes sabem isso. Estamos confortáveis nas nossas áreas de atuação e aí somos especialistas.

Conhecer onde somos mais fortes e reconhecer onde não somos tanto, permite-nos desenvolver um otimismo realista que nos ajuda a viver com os novos projetos e a defender com confiança a nossa capacidade de os abraçar.


Baixa autoestima vs. humildade e aprendizagem

Ouvir nãos ou não ouvir nada (preparem-se para não respostas!) pode deitar abaixo até os egos mais fortes e os espíritos mais resilientes. As rejeições trazem também aprendizagens profissionais e pessoais muito construtivas. A humildade é essencial para as relações a longo prazo com os nossos parceiros internos e externos – e a arrogância é normalmente a maior inimiga de uma start-up.

Mais uma vez, perder faz parte do jogo, resta saber se perde mais do que ganha. É importante medir a taxa de sucesso das suas propostas. Caso a taxa seja muito baixa, terá de repensar o seu negócio ou modelo de negócio.


Solidão vs. poder de decisão

O plano de negócio de uma empresa é algo muito próprio, diferentes estratégias como escalar muito cedo e contratar muita gente ou ir experimentando, aprendendo e crescendo organicamente cabem a cada um e a cada gestor. Caso se opte pela segunda, temos de aprender a estar sozinhos. Num mundo em que vivemos a conversar com outros, estamos muitas vezes sós, principalmente na tomada de decisões difíceis. Mas há também uma forte aprendizagem nisso. Aprender a tomar decisões sozinho, aceitar as consequências da decisão e aprender com elas, prepara o gestor para a liderança e (apesar de não parecer intuitivo) para a tomada de decisões em equipa e para delegar. Quando era ainda uma criança, os meus pais diziam-me muitas vezes: “Para saberes mandar, tens de saber fazer…” acho que esta é uma grande verdade no que toca às soft skills – o poder da empatia.

Insegurança vs. autocontrolo e transparência

Há tantas boas empresas, tanta concorrência, ese não for capaz? Saber distinguir entre o medo e a realidade é essencial na captação e retenção de clientes. Se não for capaz, assuma que não é capaz. Se puder fazer parcerias que o deixem confiante para responder ao desafio, faça-o. No caso de não estar mesmo preparado para o desafio, admita-o.


Fórmulas de sucesso vs. pensamento divergente e identidade

“Diz-me como fizeste", "li numa revista ou num livro que é assim que se faz…”. Muito útil mas apenas se se mantiver na zona de aprendizagem, crescimento e abertura de horizontes. Não tente imitar o que outros fizeram.

Não há fórmulas de sucesso, por dois motivos: primeiro os clientes são todos diferentes, segundo, as empresas que vendem aos clientes são todas diferentes. E ainda bem! Caso contrário, estaríamos apenas a negociar preço e não haveria novas empresas porque as mais antigas teriam sempre mais poder de investimento.

Utilize a informação, a mentoria, o estudo, a investigação e crie a sua própria identidade. Desenhe, pedaço a pedaço, a sua própria fórmula. Teste-a e corrija-a as vezes que forem necessárias. Mas voltando atrás, saiba quais as variáveis especificas do seu negócio e implemente as soluções à medida.


Working-capital
vs. diplomacia, respeito e preparação

Faturas de clientes a prazo, faturas de fornecedores a pronto, excelente faturação (e margem se tiver feito bem o seu trabalho) e falta de tesouraria, outra aprendizagem dura. Existem soluções no mercado para adiantar as faturas dos clientes como o factoring, mas recorrendo ou não a essas soluções, temos de desenvolver três competências: diplomacia para resolver litígios, respeito pelo nosso cliente, mas acima de tudo pela nossa empresa.